segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Lapsos de eu-lírico

Em frente ao computador penso em algo pra escrever,
mas só saem linhas aleatórias.
Linhas aleatórias de tempo perdido.
Realmente, tempo perdido.

Mas como escrever se não consigo me concentrar?

Pois os pensamentos mudam e se repetem tão frequentemente
como o movimento dos ponteiros do relógio.
Um relógio que só para por alguns segundos em um mesmo pensamento.

Isso deve ser relatividade, ou não, não sei, não sou físico.

Pra falar a verdade prefiro um segundo de tempo parado do que dias corridos.
Acho que todos devem ser assim.
E aqui termina o 'tempo perdido' mais produtivo dos últimos meses.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pensamentos passados

Ah, uma taça de um bom vinho,
e raro,
juntamente com uma boa companhia.
Coisa difícil nesses dias,
digo o bom vinho,
é claro.

Ah, meu velho cão de caça,
e seu faro,
juntamente com nossa companhia.
Coisa difícil nesses dias,
pois o cão já morreu,
é claro.

Ah, seu amor que não volta,
eu paro,
juntamente com minha companhia.
Coisa difícil nesses dias,
pois sou apenas lembranças,
é claro.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Poema com estilo

Que toque Samba pros amigos
E Forró para aquela que dança.
Um Choro para os antigos.
E Ciranda pras crianças.

Que toque um Rock pros agitados.
E um Reggae pros alternativos.
A Erudita pros mais calmos.
E Psy pros compulsivos.

Que toque a Valsa dos casados.
E o Tango dos solteiros.
Um Pagode bem cantado.
E a prosa dos violeiros.

Que toque todos os ritmos.
E toque todos os gostos.
Que toque em todos os cantos.
E toque todos os rostos.

Pois a música...a música...
a música é universal.

sábado, 29 de novembro de 2008

Texto Inacabado

Vidas feitas abatidas

João Alvo era uma pessoa muito pobre, não tinha nada, apenas fome. Cidadão honesto de expectativa de vida de 1 dia a mais sempre; gostava da vida, mas essa parecia que não lhe gostava, pois suas rasteiras eram constantes e doloridas. Era branco de nome, branco de alma, branco de bens, branco de tudo, menos na cor, ele era moreno, alto, de expressão vazia e cara de fome.
Trabalhava catando latinhas nas ruas de São Paulo. Seu dia se resumia em acordar, pegar, vender, dormir, acordar, pegar, vender, comer, dormir, acordar, procurar, passar fome, tentar dormir, acordar ... todo dia era sempre tudo igual. Foi a pé para casa.
A casa ficava num bairro afastado, era muito simples e pequena, porém a chamavam de lar.
Entrou e beijou sua mulher.
- Oi amor, tudo bem?-disse Áurea Alvo
- Tudo.
- E ai, conseguiu algo?- perguntou inocentemente.
- Nada.- respondeu meio envergonhado.
- Mas nada mesmo?
- Nada- tornou a falar.
- Nadica, nadica mesmo?
- Nada!!!- gritou irritado.
- Oi pai, chamou?, ouvi você gritar meu nome.- disse Nádia Daniela Alvo, vulgo Nada, primeira filha do casal.
- Não te chamei.- respondeu agora mais calmo.
- Mas tenho certeza que ouvi você chamar meu nome, o senhor está bem?
- Eu estou ótimo e NÃO TE CHAMEI!!!!-gritou novamente irritado. - O que eu te fiz hoje pai celeste?
- Oi pai chamou?, ouvi você gritar meu nome.- disse Celeste Alvo, segunda filha do casal.
Abaixando as mãos que estavam voltadas ao céu, olhou para sua filha, a veia de sua têmpora saltava, gritou o mais alto e o mais irritado possível:
- EU NÃO CHAMEI NINGUÉM!, vocês não percebem que trabalhei o dia inteiro para nada. Eu só quero sossego!
- Nisso a porta se abre e seu cachorro Sossego, totalmente imundo, pula sobre João e começa a lamber. Foi o bastante para que ele estourar e agarrar o cão pelo pescoço estrebuchando de raiva, sua família correu separar a briga. Já separados e mais calmos João começou chorar:
- Desculpem-me todos, só quero dar o melhor para minha família e quando não consigo me sinto envergonhado e me irrito, pois sei que não estou cumprindo direito o meu papel de pai...
- Acabou de dizer isso e um silêncio tomou conta da casa, os olhos de todos estavam marejados agora, e sua família o abraçava consolando-o.
No dia seguinte acordou cedo, mais do que de costume, pegou suas coisas e saiu para trabalhar. No caminho encontrou com o filho do padeiro, deu-lhe um dinheiro e pediu que levasse pães para sua casa.
Continua...
...quando eu tiver tempo, inspiração e criatividade.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Faces do Amor


Canto I - Rejeição

A vida falante,
as vezes errante,
tão perto e distante,
de quem quero estar.
Me lembro do rosto,
do jeito, do gosto,
também do desgosto,
por ela amar.

Por causa do não,
quebrou coração,
acenou com a mão,
para eu me afastar.
Dura realidade,
chorar de saudade,
já nessa idade,
por ela amar.

Para que eu esqueça,
dantes que padeça,
pela menina Vanessa,
que tanto amei.
Segui meu caminho,
triste e sozinho,
sem alguém, sem carinho,
na vida vaguei.

Canto II - Encontro

Mas em um qualquer dia,
de imensa alegria,
encontrei companhia,
de que precisava.
A figura perfeita,
que não se rejeita,
e sempre me aceita,
porque já me amava.

Tão doce menina,
feliz, pequenina,
era a tal Carolina,
que meu amor conquistou.
Seu verde-olho profundo,
que atravessa o mundo,
e bem lá no fundo,
do coração me chegou.

Felicidade intensa,
sem julgo e sentença,
a maior que se pensa,
com ela vivi.
Ótimos momentos,
livre de tormentos,
que por muito dos tempos,
com ela sorri.

Canto III - Fim

Mas a vida cruel,
destilando seu fel,
cobriu com um véu,
tirando-a de mim.
Brincadeira banal,
mas pra ela fatal,
e o amor real,
então teve fim.

Estirado no porto,
chorei junto ao corpo,
inerte e morto,
molhado de água com sal.
Meu peito inteiro,
sentiu desespero,
na hora do enterro,
do adeus final.

O sonho acabado,
meu corpo sujo e cansado,
e a esse destino fadado,
novamente vaguei.
Mas encontrei solução,
com uma arma na mão,
e um tiro no coração,
me suicidei.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Traça de biblioteca


Morava numa cidade chamada Patativa de Assaré, de pouco mais de 50 mil habitantes que gostavam da natureza, de pássaros e eram leitores assíduos. Não gostava de bonecas ou lacinhos, fitas ou presilhas, gostava de lápis de cor, papel e de imaginar. Estudava em uma escola de ensino fundamental, estava na 6ª série, e seu local predileto na escola era a biblioteca, passava qualquer tempo vago entre uma aula e outra lá, e só não fazia suas refeições ali porque era proibido. Tinha amigos na escola, mas eram poucos os momentos em que se divertiam fora dela.

Naquela tarde Julia vinha da escola mais pensa do que nunca, trazia consigo mais livros do que normalmente, fazendo-a andar devagar, se cansando e suando mais ao sol do meio-dia. Mas isso não abatia seu sorriso e nem a desanimava, pois sabia que teria a recompensa quando chegasse em casa. Era uma menina diferente dos outros moradores da cidade, pois lia só o primeiro parágrafo de cada livro, ou a primeira página caso o primeiro parágrafo fosse curto. Depois ficava pensando, imaginando e desenhando a continuação e como terminavam as histórias. Era esse a sua diversão e passatempo favoritos.


Um dia chegou na escola e viu um cena diferente, a biblioteca de sua escola havia sido destruída por um incêndio criminoso. Correu para sua casa, subiu as escadas e se trancou em seu quarto. Chorou como nunca tinha chorado, o dia inteiro, adormeceu soluçando. Pela manhã, levada pela fome e sede, desceu as escadas com os olhos inchados e ainda marejados e o rosto vermelho. Sua mãe a abraçou dizendo que tudo ficaria bem, mas ela só pensava na tristeza, na perda, no tédio.

- Você ainda tem a biblioteca municipal.

Ao ouvir isso, apesar da tristeza, se animou um pouco e pensou nos livros, na quantidade deles, nas histórias deles e na caminhada pensa que teria que fazer, agora com uma distância três vezes maior. Sorriu.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O desgosto de Minerva



Homem, ser dotado de grande inteligência, capacidade de se locomover sobre duas pernas e polegares opositores. Nos seus primórdios, devido à essa grande inteligência, descobriu que a vida em bando, sociedade, lhe traria mais benefícios e chances de sobrevivência. Aos poucos aprendeu a usar o fogo, a construir abrigos, utilizar e fazer utensílios, aprendeu a matar.

O tempo passou, o homem evoluiu e hoje manipulam o fogo como querem , seus abrigos têm mais de 30 metros, seus utensílios são os mais variados e até mecânicos, e a morte, que no passado era usada apenas para subsistência, é utilizada para outros fins. Homens matam e se matam por poder, por glória, matam e se matam pela mesma terra que um dia, independentemente do tempo que isso leve, cobrirá a todos, e pelo mesmo dinheiro que não levarão seja lá o rumo ou destino que tomem após a morte.

Essa busca incessante por poder, dinheiro e terras construiu maravilhosos espetáculos que foram exibidos em: 2 Guerras Mundiais, 1 Guerra Fria com conflitos "quentes" na Guerra do Vietnã e na Guerra da Coréia, 2 grandes conflitos no Iraque, e agora esse maravilhoso espetáculo é apresentado nos conlitos na Georgia. O público total de todos esses espetáculos? uma centena de milhões de mortos.

Chego a conclusão que nesse ritmo o homem só conseguirá evoluir mesmo ao óbito. Pois, afinal de contas, somos os únicos seres capazes de aniquilar o resultado de milhares de anos de evolução da vida na terra em apenas um dia. Inteligente, não?